segunda-feira, 8 de novembro de 2010

CENTRO DA CIDADE: ESPAÇO DISPUTADO À FORÇA

Texto e foto: Rogério França 


    Cena comum de se ver. Avenida Dantas Barreto, um dos pontos mais disputados pelos comerciantes


Não precisa ser um gênio! Basta um pouco de atenção e perceberá os motivos que levam pedestres e ambulantes a disputarem o espaço nas calçadas das principais avenidas da Cidade. Em Pernambuco o número de trabalhadores informais chega a 875,2 mil. Só no Recife, o contingente é de 88 mil pessoas que atuam por conta própria, conforme levantamento feito pelo IBGE no último mês de abril. Segundo a assessoria da Diretoria de Controle Urbano do Recife (Dircon), cerca de 12 mil  atuam no comércio informal no centro da cidade. Quando um camelô é questionado sobre o motivo  de  exercer tal ofício,  o desemprego é a resposta campeã.

Existem alguns pontos que funcionam como passagem obrigatória para quem freqüenta o Centro. As Avenidas Dantas Barreto e a Conde da Boa Vista são exemplos de lugares  mais atraentes para os ambulantes que, dispostos a driblarem qualquer tipo de fiscalização, buscam através da venda de vários tipos de mercadorias uma maneira de garantir o sustento da família.

A disputa por um lugar, na maioria das vezes, é travada no grito ou à força.  Na briga, estão envolvidos homens mulheres e até crianças. Quem gritar mais alto, no mínimo, chamará mais a atenção de quem passa ali. Além dos desafios impostos pelo dia-a-dia, os que atuam nessa modalidade alimentam-se da incerteza do quanto vão levar para casa no final de cada dia.

“Trabalho na noite há 20 anos. Aqui, ganhei dinheiro para sustentar meus três filhos, mas estou cansada dessa vida. Já não tenho mais tanta disposição. Daria tudo para conseguir um emprego fixo, mas sei que não tenho estudo e nem idade  para isso”, afirma  Valdinete Silva dos Prazeres, 45.  Neta, como é chamada pelos clientes mais antigos, mora na Bomba do Hemetério, Zona Norte da Cidade,  e vem diariamente - nos finais de tarde -  vender seus espetinhos  na Dantas Barreto,  em frente a igreja do Carmo.  Ela afirma que nunca teve contato com funcionários da Dircon ou qualquer órgão da prefeitura, exceto com fiscais que, por várias vezes, já apreenderam sua mercadoria.

A prefeitura do Recife está finalizando um plano de ordenamento da cidade para, a partir daí, conceder novas permissões com regras e obrigações mais claras a serem cumpridas pelos comerciantes.  “Essa é uma das prioridades da PCR. Desde fevereiro, foi criado um grupo de trabalho para discussão de propostas e estabelecimentos de regras que possibilitem a organização dos ambulantes no Centro”, afirma a assessora de comunicação da Dircon, Alexandra Torres. 


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